Busco aprender a linguagem da chuva...
Me encontro no silêncio anterior a primeira gota. Aquele silêncio-estático-paralisado-sem vento antes do fluir do céu líquido. Aquele silêncio das nuvens antes do riso e do choro que é chover.
Na verdade, essa linguagem da chuva é bem antiga e já esquecida.
Busco na verdade me desaprender, para reaprendê-la – que é relembrar essa linguagem ancestral. Uma ancestralidade perdida... Um tesouro, escondida nas ruínas do ser – este algo que já construímos destruído.
Assim busco me relembrar a linguagem da chuva...
... para me comunicar em gotas e umedecer o céu, descer para fertilizar a terra e abrandar o fogo. Voar na sintaxe verbal sagrada. Cheirar os fonemas da água acariciando os grãos de chão. Encontrar os trovões dos meus sussurros e iluminar minha escuridão com os relâmpagos dos meus gritos.
Pois a linguagem da chuva tem o amor e a fúria, o silêncio e o som, o ser e o nada...
Pois a linguagem da chuva traz uma nuvem em cada pingo e cada nuvem traz em si a semântica de todo Universo.
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