Desliga do borocoxô! Bota o macambúzio pra correr! Desgruda desse sorumbático!

 

Trio da Semana: O Papa – Rei de Bastões – Cinco de Moedas

V — O Papa

— “Papa, don’t preach I’m in trouble deep/ Papa, don’t preach, I’ve been losing sleep/ But I made up my mind, I’m keeping my baby, hm/ I’m gonna keep my baby, hm”.

— Para, não é nada disso! Mas parabéns pelo clássico; só que o papa é outro.

— O pop? O Papa não poupa ninguém...

— Criatura, solta o pop dos anos 1980, 1990 e canta certo pelo menos! — Esse arcano – O Papa – vem dizer que chegou o momento de construir pontes, criando fluxos e tráfegos e trânsitos. Momento de formar ligações e sentidos internos; de encontrar suas verdades mais profundas ou elevadas; de ser mais leal a si mesmo; de encontrar suas reais proporções, belezas e assim se arquitetar com mais harmonia.

Sabe esses variados fragmentos que você carrega em você? Hora de interligá-los. Hora de conectar suas ilhas aos seus continentes. Hora de trazer mais espiritualidade para a sua vida – falei espiritualidade e não religião, ok? Só pra ficar claro. Entretanto, se você vive sua espiritualidade dentro de uma religião, está tudo certo.

O medo de morrer pode impedir uma pessoa de viver plenamente a vida. O medo de sofrer pode impedir uma pessoa de se relacionar inteiramente. O medo de se conectar com o espiritual pode impedir uma pessoa de si autoconhecer profundamente. O medo parece proteger, mas na verdade ele só te deixa mais fragmentado, partido e isolado.

Esse arcano é um pontífice – do latim: pontifex, literalmente um construtor de pontes. Assim ele te convida a olhar para si, reparando onde você vem construindo muros ao invés de pontes. É possível derrubar esses muros? Sim, não, talvez? Não, por quê? O que falta ou é preciso? Por que esse muro foi construído afinal? Quando? Devido a quê, ou a quem? É possível construir novas pontes? É possível restaurar as que existem; refazer as que caíram?

Faça esse inventário patrimonial interno de suas pontes e muros. Melhore suas pontes, derrubando esses muros se possível. Não sendo admissível fazer nada disso – nem melhorar, nem derrubar – pelo menos, tenha ciência do que está escolhendo, e esteja pronto para as consequências que virão disso. E que fique claro aqui, que isso não é uma ameaça, apenas uma constatação. Se você optar por muros, colherá mais muros. Melhorando suas ligações, seus fluxos e diálogos internos; consequentemente, suas ligações, fluxos e diálogos externos também melhorarão e você terá infinitas pontes de possibilidades.

 Trecho da música Papa, don’t preach, composição de Brian Elliot e Madonna Ciccone.

 

♣ Rei de Bastões + 05♦ Cinco de Moedas

Entusiasme-se! Em sua origem, a palavra entusiasmo significava inspiração ou possessão por alguma entidade. Dito isto, já chama um exorcista – caso as coisas deem errado por aí! Hahaha... Brincadeirinha, para de girar a cabeça! Até porque seria por uma entidade divina.

Esse rei então te convida a se encher do divino, do espírito, de se permitir arrebatar por uma energia mais elevada. Ele lhe propõe a agir com mais alegria, ânimo, arrebatamento, paixão; a colocar mais ardor em seus impulsos e ações. Desliga do borocoxô! Bota o macambúzio pra correr! Desgruda desse sorumbático! Solta esse ranço e esse astral do “tô de saco cheio” do mundo, de mim, da vida! Existe um rei em você pronto para reinar entusiasticamente, porém você precisa largar esse plebeu desanimado e fatalista que te habita. Anime-se! Ou reanime-se! Vai precisar de um desfibrilador? Chamo a SAMU?

Sabe, e aqui cabe outra ideia também. Aqui cabe até a sua raiva! Aqui cabe a você usar de uma forma boa, positiva sentimentos que você classifica como ruins. Por exemplo; a raiva, ao invés de usá-la para agredir alguém ou quebrar algo; é possível aproveitá-la como estímulo para alguma ação, como encorajamento para sair de alguma zona de conforto, para sair de uma indignação para alguma atitude; para, ao racionalizá-la, treinar a paciência e o perdão.

Como você sente raiva? Como você age quando está com raiva, ou irritado? Ou nervoso? Ou estressado? Ou ansioso? Ou com inveja? Ou com medo? Ou com qualquer outro sentimento o qual seja desafiador para você vivenciá-lo? Esses arcanos lhe sugerem trazer outro espírito, outro ânimo para a vivência desses sentimentos, emoções; trazendo um divino, iluminando tudo isso e muito mais com outra luz e consciência. Saia do mesmo de você. Solte suas mesmices!

O ano era 1991. Naquele ano, nas tradicionais vinhetas de final de ano da rede Globo, foi possível ver atores, jornalistas, humoristas, apresentadores dessa emissora fazendo coisas diferentes das quais se estava acostumado a vê-los fazer na telinha; como, por exemplo, a jornalista Fátima Bernardes dançando e sapateando. Ao final dessas performances, os artistas soltavam a seguinte frase: “Invente, tente, faça um 92 diferente”.

Bem, 30 anos depois, esses arcanos parafraseiam os globais te dizendo: invente, tente, faça um você diferente – e nem precisa esperar 2022, tá? Já adianta aí! Faça com a ansiedade algo diferente. Faça com a raiva algo diferente. Faça com o medo algo diferente. Invente-se, ou reinvente-se; e faça de você um você diferente. E aí, vai inventar o quê?

Arrume suas baratas!

 

05♥ Cinco de Taças

Amarguras ou desgostosuras? Sai dessa! Só porque dizem que agosto é o mês do desgosto? Deixa o mês mais longo do ano em paz. Ele até já está acabando – só durou três meses! Calma, calma, respira que chegamos à última quinta-feira e ao último Conselho de Quinta – pausa dramática – do mês. Achou que ficaria livre de mim?

Amarguras ou desgostosuras? Esse cinco já traz a real pra você assim de cara: deixe o amargo, afinal você não é cerveja. Deixe o desgostoso, ou você é abacate? Só de falar, já veio o golfo na garganta. Blergh! Os defensores dos abacates que me perdoem! Rsrs...

Amargurou, desgostou, decepcionou? Aceite. Acolha os “maus” sentimentos que te habitam. Até porque eles só são maus porque você os julga assim; você é quem liga essa Marília Mendonça sofredora que habita em ti. Você é o sujeito que adjetiva sua vida. Tudo que é feio, mau, nojento, pecado assim o é, pois você assim o classifica. Foi-lhe ensinado assim, juntamente com a forma como você deve reagir a tudo isso. Você interpreta o mundo a sua volta, colocando prazer ou sofrimento no que absorve, conforme lhe ensinaram. É ou não é?

Pense aqui comigo: uma barata voando. Medo, grito, confusão e treta – socorro! Uma borboleta voando. Beleza, leveza, celestial. Ah, que lindo, que simbólico; pura magia. Barata e borboleta, ambas são insetos. Por que uma merece a sola da sua chinela, enquanto a outra merece seus suspiros de afeto? O que torna uma um problema e a outra um poema?  Por que, dentro dos seus sentimentos, alguns são como as baratas, enquanto outros são as borboletas?

Reflita sobre isso e, se fizer sentido, troque os filtros perceptivos de sofrimento que lhe foram dados! E, que fique bem clara aqui, a ideia é a de purificar internamente a forma como você absorve o mundo; não é a de abraçar a apatia, a indiferença e muito menos o mundo cor de rosa da positividade tóxica. A ideia é a de experienciar a vida com filtros mais conscientes e entender quais vantagens eles lhe trazem, o porquê deles e como você interpreta essa vida através deles.

Aproveite essa pesquisa e veja se você não vem escolhendo sofrimentos alheios como distratores para fugir do que carrega em si, e/ou transferindo a responsabilidade de suas sofrências a outros – pessoas, lugares, situações, etc. O convite desse cinco é: pare de se distrair com o sofrimento dos outros para fugir dos seus. Pare de dar ao outro poder sobre você. Pare de dar aos seus sofrimentos mais poder do que de fato eles têm e pare de ficar lambendo suas feridas – elas já têm cuspe suficiente. Pare de distribuir sentenças e culpas, pois você não é um juiz. Levante a cabeça e responsabilize-se por você, sua vida e suas baratas!

Pare de passar a mão na sua cabeça, de se lamentar, de resmungar, de reclamar, de se achar um injustiçado, de se vitimizar e dê o ponto de virada; questionando-se: o que posso fazer para superar essas amarguras e desgostosuras? Onde está o gatilho dos sofrimentos que alimento e sinto? Por que tal situação, pessoa me faz/fez sofrer? Quais os gatilhos que me fazem sofrer e por quê? O que não estou aprendendo? O que preciso deixar de fazer para superar determinada mágoa, decepção, ressentimento ou sentimento que o valha?

O grito de Quinta é: salve-se quem puder! E, como você só pode salvar a você, salve-se a si mesmo! Você é a parte que te cabe deste latifúndio, lembra? Portanto, levante a cabeça, lave esse rosto, respire e faça o que tem de fazer, pois o Sol entrou em Virgem um dia desses atrás! O que isso significa? Hora de acertar o lugar das coisas! Faxina! Organização! Correção e TOC!

Brincadeirinhas, à parte, é hora sim de se conhecer mais e melhor e de se organizar internamente mais e melhor, reparando em suas: “ortografia, sintaxe, concordâncias verbais e nominais”... Coloca o ponto do “i”, menino! Aquela vírgula ali está separando o sujeito do predicado, não pode! Não é bom em Língua Portuguesa? Hum... É sempre tempo de aprender algo novo e superar dificuldades pretéritas.

Uma chuva me disse...

 Busco aprender a linguagem da chuva...

Me encontro no silêncio anterior a primeira gota. Aquele silêncio-estático-paralisado-sem vento antes do fluir do céu líquido. Aquele silêncio das nuvens antes do riso e do choro que é chover.

Na verdade, essa linguagem da chuva é bem antiga e já esquecida.

Busco na verdade me desaprender, para reaprendê-la – que é relembrar essa linguagem ancestral. Uma ancestralidade perdida... Um tesouro, escondida nas ruínas do ser – este algo que já construímos destruído.

Assim busco me relembrar a linguagem da chuva...

... para me comunicar em gotas e umedecer o céu, descer para fertilizar a terra e abrandar o fogo. Voar na sintaxe verbal sagrada. Cheirar os fonemas da água acariciando os grãos de chão. Encontrar os trovões dos meus sussurros e iluminar minha escuridão com os relâmpagos dos meus gritos.

Pois a linguagem da chuva tem o amor e a fúria, o silêncio e o som, o ser e o nada...

Pois a linguagem da chuva traz uma nuvem em cada pingo e cada nuvem traz em si a semântica de todo Universo. 

Deu merda, mas não só aprendeu que floriu!

Trio da Semana: A Torre – Cavaleiro de Espadas – Dois de Moedas

XVI — A Torre

Mano, a casa caiu, mas calma! Cara, às vezes, na vida, um desmoronamento pode ser o melhor acontecimento. E aqui – que fique claro – não estou falando dos desabamentos físicos (casas, prédios, pontes, etc.). Falo das “verdades”, paradigmas, crenças, condicionamentos, certezas, perspectivas familiares, culturais e sociais que são implantados nas pessoas desde que nascem – na verdade, desde que estão na barriga de suas progenitoras. Novos estudos vêm mostrando que os bebês não são tão livros em branco assim quanto se pensava.

O adestramento começa já na barriga! Por isso é sempre hora de se reinventar e de se recriar do zero, ou do mais próximo possível a ele. É o que te diz essa carta. Desmorone-se. Deixe-se quebrar, partir, ruir, despedaçar, estilhaçar todos esses implantes e cristalizações incrustados em você ao longo do tempo. As ruínas, que restarem, servirão de adubo para o novo que surgirá. Como mais ou menos dizia o Lavoisier: “nada se perde, tudo se transforma”.

Aproveite e adube-se com todas essas tranqueiras, dando uma utilidade melhor a toda essa merda arquitetônica que está empilhada em você! É o conselho dessa torre. Dizem que a grama do vizinho é sempre a mais verde. No caso da merda, a merda do outro é sempre a mais fedida. Na verdade, é tudo merda de fato! Então pare de ser tão escatologicamente condescendente e construa um aterro sanitário para elas. Ou a coloque numa composteira, iniciando a compostagem para que toda essa merda comece a dar outros resultados.

Essa carta traz ensinamento através de mudanças profundas. Se ficar só chorume, significa que deu merda e não se aprendeu tudo. Agora se no terreno surgir flores... Opa, ai, arrasou! Não só aprendeu que floriu! Esse arcano é transformador – ou seja, transforma a dor. Renuncie a vaidades e orgulhos; solte as carapuças que te sufocam; desça das torres e masmorras egóicas, desmonte suas ditaduras internas e vá para o ar livre de si mesmo.

Estava evitando dizer isso, mas – antes que a casa caia pra mim – lá vai: com esse arcano, se você não for por bem, irá de qualquer forma – pois essa torre é do tipo se ficar a torre pega, se correr a torre come. Pronto falei! Espera, está ouvindo isso? Parece concreto rachando... Depois não diga que não lhe avisei!

 

♠ Cavaleiro de Espadas

Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra lá. A não ser que você queira o fundo do poço. Quer pular de cabeça de uma cachoeira? Verifica a profundidade antes. Esse intempestivo cavaleiro vem lhe aconselhar a analisar, a observar mais; a agir com menos impulsividade e reatividade, sendo mais estratégico.

Observe mais antes de agir. Programe-se antes de fazer. Calcule antes de comprar. Estruture-se antes de construir. Pense antes de falar – eita, este então nem se fala! Aja com mais inteligência e fale com mais delicadeza. Já viu alguém abrir uma trilha numa mata com um facão? Não seja tão assim na sua vida e rotina. A não ser que esteja numa mata fechada abrindo uma trilha.

Perceba onde na vida você é que nem um rolo compressor e com quem. Perceba onde na vida sua fala corta e fere que nem uma espada e com quem. E aqui o conselho não é para ser uma mosca morta que não diz o que pensa e não se impõe em nada, contudo perceba onde, quando, como e com quem você se excede; assim observe mais e, principalmente, observe-se mais.

 

02♦ Dois de Moedas

Já parou pra pensar que, para alcançar o equilíbrio, é necessário imprimir uma força ao sistema que está desequilibrado? Sendo assim se, na sua vida, o desequilíbrio é o normal do momento, você terá de mudar este normal, para reencontrar o seu natural anterior, imprimindo uma força. Como assim?

Despoluir um rio. Reflorestar uma área desmatada. Retirar lixo de uma praia. Todos estes estados não são naturais, porém já são normais em muitos lugares. Então para renaturalizá-los será preciso algumas ações e tempo para que voltem ao seu estado natural.

Se você está com problemas financeiros, amorosos, familiares, profissionais, físicos, ou o que seja; isto não é o seu natural. Pode ser o seu novo normal, sendo possível mudá-lo, voltando ao natural que é o estado de não-problema. Para isso, você terá de por energia, colocar peso no outro prato da balança para reequilibrar o seu sistema. Esse é o convite desse dois.

Reequilibre-se, parando de alimentar os seus problemas e começando a por sua energia no outro lado da balança. Qual o primeiro passo que você pode dar nesta direção? Qual área da sua vida está desequilibrada? Quando as coisas começaram a sair do natural? Você consegue mudar essa situação sozinho, ou precisará de ajuda? E de que tipo de ajuda precisará? Não finja que está tudo bem! Pense a respeito disso e aja as ações necessárias.

Coloque a energia certa para despoluir, reflorestar ou limpar a área da sua vida que está desequilibrada. E esse arcano te diz mais alguma coisa: tudo bem não resolver do dia pra noite. Permita o tempo das coisas acontecer. Permita o seu tempo acontecer. Permita que as coisas sejam ou estejam como estão e, a partir desta permissão, aceitação; aja as suas ações, e deixe o tempo agir as ações dele. Cada um faz a sua parte, pode ser?

Fui, estou indo!

O Carro

Vruuuummmm... Vamos? Vai de carro, ou que nem o Eduardo, de camelo? À pés? Também está valendo! O importante é ir. A hora pede movimentação – diz esse arcano. No jogo da vida, dúvidas e indecisões ficaram na casa passada.

Está com medo? É para ir com medo mesmo. Atire-se! Está no talvez, quem sabe? Por quê? Está mesmo? Ou você está criando essas interrogações para se boicotar? Para o alto e avante! — grita esse arcano para te animar a ir.

Na dica de Quinta passada, estávamos na lua nova. Lembra o que falei: tempo de plantar sementes e etc.? Pois bem, agora a lua está crescente. A semente plantada germinou, rompeu sua casca e precisa abrir à força a terra para crescer e, ao mesmo tempo, se aprofundar, formando suas raízes.

Cresça. A semente usa a escuridão da terra para crescer e chegar às alturas e às profundezas. Aprenda com este exemplo que a natureza lhe oferece. Medos, inseguranças, dúvidas, entre outras coisas não precisam paralisar necessariamente você. Esse arcano te diz para agir.

Mova-se. Quais atitudes você não está tomando e por quê? Para onde não está indo e por quê? O que não está começando e por quê? Qual aventura você está se recusando a iniciar e por quê? Vai ficar com medo do dragão até quando?

No conselho de Quinta de hoje, essa carta te deixa com essas perguntas, pois perguntas – assim como carros – são veículos. Para onde essas perguntas te levarão? Mande-me um postal de lá, ok?

Larga a naftalina!

 

Trio da Semana: O Julgamento – Nove de Moedas – Seis de Bastões

XX O Julgamento

Está sentindo esse cheirinho? Naftalina? Está parecendo... Solta o baú e o armário de tranqueiras! Faça as pazes com o passado. Pare de carregar baús aromatizados de naftalina, ou de qualquer outro cheirinho. Solte, perdoe, mudando os aromas do passado. É o que lhe recomenda esse anjo, pois é preciso rejuvenescer os sentimentos e pensamentos e para tanto se deve soltar, perdoar o passado, parando de vivê-lo, deixando-o no lugar dele de fato. Solte as pedras que vem carregando.

Até porque o presente é leve e fresco, por isso refresque-se! Reviver passados é recusar-se a estar nesse frescor do presente. Some presentes e subtraia passados – os pesos. Jesus quando ressuscitou não carregou mais a cruz, largou-a lá no morro, no lugar ao qual ela pertence. Ele viveu a cruz no presente, morreu e superou, ressuscitou. A cruz ficou apenas como experiência, aprendizado e não como sofrimento, apesar de toda dor.

Parar de carregar a dor, perdoar quem ou o que te feriu não apaga isto, não o diminui, não elimina a gravidade ou a responsabilidade do acontecido; apenas retira a identificação. Sai-se do papel da criança que não consegue lidar com a dor, para o de adulto que tomará as atitudes para lidar com a questão. E, lidar com a questão, por exemplo, pode ser procurar quem saiba lidar com ela como um advogado, um terapeuta, um médico e etc. Ficar remoendo a dor é como a criança que chora esperando o papai ou a mamãe vir colocar mertiolate no dodói e soprá-lo. Nada contra mertiolates com soprinhos, mas a página precisa virar, ou não?

Eu não conheço a sua cruz. Não conheço o tamanho dela. E não é minha intenção diminuí-la. Até porque também tive as minhas – e não foram poucas, nem pequenas – no meu ponto de vista – e não estaria aqui escrevendo se não fosse por elas. Contudo ter autopiedade – e, acredite em mim, eu tive – não me ajudou a superá-las. Ficar abraçadinho a elas tão pouco – e, acredite em mim, eu fiquei e ao som de alguma música bem sofrida. Viva a dor, mas não de forma permanente. Qual a sua cruz? O que você precisa soltar? Se pudesse, se fosse possível, você soltaria sua cruz? Como seria viver sem carregá-la?

Esse arcano, O Julgamento, fala; entre outras coisas, sobre libertação. Continuar sofrendo, ou não perdoar é ficar no momento sofrido, é ficar numa cela aprisionado com esse momento e com o seu algoz. Ao soltar, perdoar você sai dessa cela para a liberdade. Esse é o convite, porém; como todo convite, você pode aceitar ou não. Ao aceitá-lo, você renuncia ao sofrimento. Ao recusá-lo, renuncia-se a liberdade. Escolha conscientemente o que estiver pronto a fazer.

 

09♦ Nove de Moedas

Está se achando, né? Largou a cruz e está todo, todo! Caso não esteja, está marcando bobeira! Se ache mais! Se valorize mesmo! Valorize o verde da sua grama. Dizem que a grama do vizinho é sempre a mais verde; esquece o vizinho! Marcianinho do meu core, seja verde pra caralh*! Rsrs...

Esse poderoso nove vem lembrar que tudo começa dentro – esse verdão que você sonha, já está aí dentro. Tudo começa dentro. No pensamento. No sentimento. Na imaginação. E aí: pah! Acontece.

Esse poderoso nove vem dizer que a melhor sessão de fofocas não está no jornal, contudo dentro de você. Leia seus pensamentos e sentimentos – as suas fofocas internas – e saberá as cenas dos próximos capítulos. Domine os pensamentos, os sentimentos e será babado! Você criará os melhores capítulos da história da sua vida. É o disse me disse que esse nove anda espalhando por aí.

 

06♣ Seis de Bastões

Caiu do cavalo? Levanta e limpa a poeira da bunda! Ah, e melhor tirar uma chapa pra ver se não quebrou nada.

Às vezes se cai para se voltar ao lugar. É sim, o susto coloca a pessoa no prumo de novo, quebra a hipnose e os automatismos. Tem queda que é o melhor presente que se poderia ganhar. Aproveite a queda e atente-se a suas ilusões e apreensões, pois talvez estas sejam causadas por aquelas.

Às vezes, o bicho-papão só existe na sua cabeça. Confere aí as ilusões que você vem alimentando e pare este fluxo, desiluda-se! Dá uma olhada nos seus óbvios e certezas aí, checa se está tudo certinho mesmo. E, certinho em relação a que? Tem desilusão que é o melhor presente que se poderia ganhar. É o recado desse seis.

Plante-se bem.

♦ Cavaleiro de Moedas

“Nesta terra, em se plantando, tudo dá!”. Esta é uma frase da famosa carta de Pero Vaz de Caminha sobre o Brasil ao rei de Portugal à época do descobrimento do país. O recado desse cavaleiro é o mesmo do Pero. Só que “a terra” que esse cavaleiro fala é você. Tu és a terra! E o agricultor dela. Tudo junto e misturado! E, talvez você esteja tão misturado, que nem percebe isso!

Assim, esse cavaleiro te convida a fazer uma ronda pelas suas “terras”, para entender onde você tem plantado ingratidão, picuinha, raiva, mágoas, ressentimentos, ranço e etc. Qual o tamanho destas plantações? Ou já são latifúndios, ou verdadeiras capitanias hereditárias de tão grandes? Será que seria possível mudá-las? E o que você pode fazer para mudar isso? Consegue mudá-las só ou precisaria de ajuda? Que tipo de ajuda?

Já que está fazendo essa ronda mesmo, aproveita e confere as plantações de alegria, amor, paz, gratidão e etc. Estas plantações são maiores ou menores que as anteriores? Faça esse balanço das suas plantações e regue só aquelas que lhe trarão bem-estar. Sabia que estamos na lua nova? As luas novas são excelentes períodos para plantar as sementes daquilo que queremos colher lá na frente. Portanto plante-se bem – é o conselho de Quinta pra hoje, pra semana e pra vida.

Sua mente é uma vaca!

 

Trio da Semana: O Mundo – Cinco de Espadas – Cinco de Bastões

XXI O Mundo

Quando me pus a pensar na mensagem que esse arcano traria aqui para o blogue, veio-me a lembrança do poema abaixo. Aí comecei a imaginar como dizer com as minhas palavras o que ele diz. Desisti. Portanto hoje tomo a licença de não reinventar a roda para dizer algo que alguém lá atrás já disse e de uma forma tão forte e significativa e perfeita. Dito isto, então deixo vocês com o poema Se de Rudyard Kipling:

“Se és capaz de manter tua calma, quando,

todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.

De crer em ti quando estão todos duvidando,

e para esses no entanto achar uma desculpa.

 

Se és capaz de esperar sem te desesperares,

ou, enganado, não mentir ao mentiroso,

Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,

e não parecer bom demais, nem pretensioso.

 

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,

de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.

Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,

tratar da mesma forma a esses dois impostores.

 

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,

em armadilhas as verdades que disseste

E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,

e refazê-las com o bem pouco que te reste.

 

Se és capaz de arriscar numa única parada,

tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.

E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,

resignado, tornar ao ponto de partida.

 

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,

a dar seja o que for que neles ainda existe.

E a persistir assim quando, exausto, contudo,

resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

 

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,

e, entre Reis, não perder a naturalidade.

E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,

se a todos podes ser de alguma utilidade.

 

 Se és capaz de dar, segundo por segundo,

ao minuto fatal todo valor e brilho.

Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,

e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!”

 

05♠ Cinco de Espadas

Ideias fixas... Padrões mentais sobre você e sobre o mundo.

Tem um filme na sua cabeça. Um filme completo com trilha sonora, enredo, personagens e tudo mais. Pode prestar atenção, você sempre vive as mesmas imagens internamente. Na sua cabeça, tem uma espécie de vaca! Que fica aí ruminando ideias, imagens; num eterno Vale a pena ver de novo! Vale a pena pensar de novo. Vale a pena sentir de novo. Vale a pena lembrar e remoer e se culpar de novo... Vale mesmo?

Qual sua personagem preferida? Nessas historias, qual personagem você mais incorpora? A de vítima? Ou a de quem é sempre perseguida? A de dona da razão? A incompreendida? A rebelde? A coitadinha? A com dedo podre no amor? A sedutora? A pura, a criança, a inocente? Qual é a sua personagem, ou personagens? Provavelmente é uma para cada situação! Você deve ter uma para o trabalho, outra em casa, dirigindo mais uma e por aí vai!

De todas essas vozes internas que você ouve e incorpora; passe a ver quais são as mais usuais e prediletas, aquelas que você sempre dá ouvidos. Já parou para se atentar sobre isso: ao que você dá internamente atenção? Então – como diria um ex-padrasto: “Presta atenção, você não presta – pausa dramática – atenção!”. Esse cinco lhe convida a prestar – pausa dramática – atenção. E a começar a dar movimento a todas essas ideias fixas. Torne-as ideias móveis!

Se você não desse tanta atenção a essas vozes, quem você seria? Diante das situações que viver, comece a ouvir essas vozes e o que elas dizem. Será que aquilo que elas dizem faz sentido? Será que elas dizem realmente a verdade? E a verdade de quem? Garimpe as ruminações da vaca da sua mente. Você encontrará belas surpresas – talvez você encontre você mesmo por detrás delas e descubra que, de sua, a mente não tem nada!

 

05♣ Cinco de Bastões

O convite com esse arcano é olhar por outro ângulo o que se está vivendo no momento e que não está fluindo. Se as páginas do livro da vida parecem não virar, o que você não está fazendo? Você está usando seus pontos fortes a seu favor ou contra?

Talvez esteja faltando criatividade e sagacidade. Reinvente-se. O jogo só termina, quando acaba. Quem vem acompanhando aos jogos olímpicos vê muito disso na prática. Partidas com um time perdendo por muitos pontos de diferença, em que ele não só empata como ganha de virada. Onde você está desistindo antes do apito final?

Talvez esteja faltando inteligência. Ô, cinco, está me chamando de burro? Não, longe disso, quem sou eu na fila do curral! Pessoas inteligentes cometem burrices. Pessoas boas fazem coisas más. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, como dizem por aí. Onde se está distraído ou cego demais para não ver certas atitudes falhas?

Às vezes, as ideias fixas, aquelas lá do cinco anterior; não te deixam enxergar que a linha de chegada está mais próxima agora do que no inicio da corrida lá atrás. Talvez você já esteja no meio do percurso, mas só foca no cansaço do corpo que reclama da exaustão. Talvez você só esteja dando atenção aos erros que cometeu desde o inicio da prova e acaba não se abrindo às possibilidades para mudar a corrida a seu favor.

Quais são as suas vantagens? Onde se coloca atenção, concentra-se poder. Coloque sua atenção nas suas vantagens. É o que lhe diz esse cinco.

Realmente!

 

07♣ Sete de Bastões

Abrace suas contradições. O que você quer? Não pergunto aquilo que você acha que consegue, ou aquilo que você acha que merece, contudo – aí sim – o que você realmente quer? De verdade. Lá no fundo do seu útero ou da sua próstata. Lá no âmago. O que você quer? Realmente.

Entre o que falam de você e o que você é realmente, há uma grande diferença. Então pare de comprar o que dizem sobre você e pare de permitir que isso paralise a sua vida. Solte as perspectivas alheias! Entre o que você pensa sobre você e o que você é também há uma diferença. Principalmente se o que você pensa sobre você foi construído baseado nas opiniões dos outros. Sem os rótulos familiares, sociais, pátrios e etc. o que sobra realmente de você?

Então esse sete vem lhe pedir para que abrace as contradições, abrace as dúvidas de quem você é; e parta para a Jornada de descobrir, construir, desvendar o realmente você. Solte o que sabe, o que te disseram e investigue quais mentiras sobre você, você as comprou e está vivendo.

A dica de Quinta pra hoje, pra semana e pra vida é essa Jornada – vá se encontrar! E toda Jornada começa com uma inquietação, ou um estranhamento, ou uma pergunta – o que o Joseph Murphy intitulou de o chamado da aventura... A pergunta que esse arcano deixa aqui, na tentativa de criar esse chamamento, é: quais mentiras sobre mim mesmo eu comprei e estou vivendo?

Pergunte-se, realmente. E ótima quinta e – tomara! – uma ótima Jornada!

Vai deixar no baú até quando?

 

Energia do Mês – Agosto

Arcano Regente — Roda da Fortuna

Com esse arcano regendo, há chances de que o mês seja de grandes movimentos. Altos e baixos, inícios e términos, idas e vindas... Pode ser um mês com boas mudanças – de todo o tipo. Portanto seja rio e não aquário. Aproveite que a energia do mudar estará girando no ar e dê o ponto de virada. Fluir é a pedida para agosto.

É possível que voltem situações, pessoas do passado, circunstâncias mal resolvidas, vontade de retomar coisas abandonadas, de reviver algumas histórias... Só tenha cuidado ao retomar e reviver essas histórias novamente para não acabar sofrendo os mesmos afogamentos e as mesmas dores de barriga. Escolha conscientemente seus ciclos – os novos e os revisitados (se este for o caso).

Se esse climão de túnel do tempo ficar muito intenso, aproveite para de tirar do fundo do baú aqueles sonhos deixados de lado. Qual o sonho? Você é quem sabe! O baú de sonhos é seu! Revise, arrume-o, pegue o sonho esquecido e realize-o. Sabe aquele sonho que você diz que está velho demais? Ou gordo? Ou pobre? Ou com filhos demais? Ou com tempo de menos? Não espere ficar doente demais ou quase morto demais para realizar aquilo que te faz se arrepiar, ou que faz despertar o seu sorriso.

Talvez seja um sonho de infância. E sua criança interior está aí dentro toda cabisbaixa, pois você não a ouve. Sendo assim ouça sua criança e realize os sonhos dela. É o que lhe diz essa Roda Gigante, quero dizer a Roda da Fortuna.

 

Terra — Plano Material

03♠ Três de Espadas

Evite as grandes dores. Para tanto, não crie tantas expectativas. Durante esse movimentado mês de agosto, não se apegue tanto, para quando, o que tiver de ir, ou de se perder, ou de acabar, acontecer não doer demasiadamente em você.

Esse arcano também pode falar sobre algo que está ocupando um lugar errado em sua vida. Dinheiro, bens, trabalho, relações em geral, etc. que por estarem com a importância errada passam a gerar sofrimento em você. Por isso cheque se tudo isso está com o nível de importância correto e, não estando, ajuste isto. Quem sabe se não é essa importância desnivelada quem está atrapalhando seus sonhos de acontecerem? Ou trazendo a dor de barriga de sempre?

 

Ar — Plano Mental

♦ Rei de Moedas

Conserte o motor do carro com ele em movimento. Certas coisas não param. E para, que isso ocorra da melhor maneira, é preciso desenvolver as habilidades de se viver, enquanto se vive. Nem sempre dá pra pedir “Dois altos!” como no pega-pega e, por isso, tem-se de trocar o pneu do carro com ele andando.

Parafraseando um exagerado poeta: o carro não para; não para, não; não para. E este carro tem o piloto que precisa? Construa as bases desse piloto, definindo bem os pilares internos que ele precisa para ser capaz de consertar o motor e trocar o pneu de carros em movimento sem morrer fazendo. Esse rei te pergunta: você está dando conta do recado de ser você? E acrescenta: construa os pilares de dar conta de ser você mesmo. Verdadeiramente você.

Perceba se não está esperando um pitstop que não virá. Sabe aquela vida baseada no quando e se? Quando eu tiver... Se acontecer aquilo... Quando fulano... Enfim, “Quando ou se isto, então aquilo”. Sabe o que acontece? Vive-se na expectativa, na ansiedade, na frustração, pois se vive adiando o agora. Vive-se preso nas teias da mente; esperando um posto, uma oficina, um pitstop que somente talvez exista.

Saia das teias da mente. Construa o piloto, copiloto, mecânico que o seu carro precisa. Pare de evitar, adiar, resistir a essa corrida, rali, passeio, ou o que for. É o conselho desse rei pra ti.

 

Água — Plano Emocional

03♥ Três de Taças

Esse arcano, regendo os sentimentos e emoções, é só delícia!Cura. Ternura. Felicidade emocional. Comemorações. Fertilidade. Por isso, cuidado para daqui a nove meses as cegonhas não te visitarem devido a alguma celebração mais apimentadinha. A não ser que você queira visitas de cegonhas! A energia está faceira, faceira para isso! De qualquer forma celebre o amor que tem – ou os amores – ai que safadinho! Celebre as amizades. Celebre os encontros sinceros.

Caso você esteja num momento de preferir estar mais só. Tudo bem! Por isso, foque na relação consigo mesmo e brinde-se! Celebre-se também. Construa momentos com você de qualidade. Até porque, aonde quer que você vá, você estará lá, certo? Perceba em que, onde, com quem, quando, como você se desliga de você e pare esta autofuga. Esse três te diz: reaproxime-se de você mesmo, abrace-se mais; seja seu mozão! E se curta horrores!

 

Fogo — Plano Espiritual/ Energético

♦ Pajem de Moedas

Concentre-se e seja lupa. Deixe-me explicar melhor, a lupa tem uma lente do tipo convergente, por isso ao se apontar uma lupa para o sol, ela converge os raios solares para um único ponto, concentrando-os. E com isso é possível até queimar uma folha de papel. Os torturadores de formigas sabem do que eu estou falando!

Esse pajem vem te aconselhar a concentrar melhor sua energia, sua vontade e seu poder de manifestação, criação, sendo como uma lupa apontada para o sol. Ou que nem Nescau – energia que dá gosto! Ou que nem RedBull que te dá asas. Analogias bobas à parte, concentre sua energia.

Já reparou que, quando se derrama água numa mesa ou no chão, ela tende a ir para todas as direções? Não seja essa água. Seja como o rio que, para chegar ao mar, cria um curso com o menor esforço. Perceba onde sua energia, vontade e/ou espiritualidade está como a água espalhada do copo – atirando para tudo que é lado.

Crie o vale para sua energia fluir como rio – direcionada ao mar. Tenha paciência, objetividade, foco, compromisso, perseverança, calma. Aqui não há competição, não é uma olimpíada, portanto vá no seu tempo – ninguém está cronometrando.