terça-feira, 29 de novembro de 2022

A linguagem da chuva

Busco aprender a linguagem da chuva...

Encontro-me no silêncio anterior a primeira gota. Aquele silêncio-estático-paralisado-sem vento antes do fluir do céu em líquido. Aquele silêncio das nuvens antes do riso e do choro que é chover.

Na verdade, essa linguagem da chuva é bem antiga e está esquecida até.

Busco na verdade me desaprender, para reaprendê-la – que é relembrar, na verdade, dessa linguagem ancestral. Uma ancestralidade perdida... Um tesouro, escondida nas ruínas do ser – este algo que já construímos destruído em aparências.

Assim busco me relembrar essa linguagem da chuva...

... para me comunicar em gotas e umedecer o céu, e depois cair para fertilizar a terra e abrandar o fogo.

... para voar na sintaxe sagrada. Cheirar os fonemas da água acariciando os grãos de chão.

... para encontrar os trovões dos meus sussurros e iluminar minha escuridão com os relâmpagos dos meus gritos.

Pois a linguagem da chuva tem o amor e a fúria, o silêncio e o som, o ser e o nada...

Pois a linguagem da chuva traz uma nuvem em cada pingo e cada pingo traz, em si, a semântica da inteireza de Deus.

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