Sou-me uma multidão de coisas...
E não me é fácil sê-las,
Tão pouco domá-las!
Sou-me uma multidão de sonhos.
E me é tão divertido ser-me tanto!
E tão solitário! E tão infeliz!
Todavia, ser-me não é só existir-me!
Mas viver-me,
Mesmo sendo-me uma multidão de medos.
Nadar-me,
Pois sou-me uma multidão de mares.
Voar-me,
Buscar-me...
Pois sou-me uma multidão de precipícios.
Sou-me uma multidão de coisas enfim.
Sou-me uma multidão de nadas.
Sou letras e células;
Poemas e tecidos;
Prosas e órgãos!
Sou-me uma multidão de organismos.
Sou acordes de jazz,
Distorções de guitarras,
Vibratos de óperas;
Cordas, vozes, sopro.
Sou-me uma multidão de notas.
Sou-me uma multidão de cores.
Sou somas, divisões e subtrações;
Danças, cantos;
Saltos, passos.
Sou-me uma multidão de atos.
Sou-me uma multidão de lutas.
Sou-me uma multidão de chatices.
Sou-me uma multidão de belezas e feiúras.
Sou-me assim, de coisas,
Uma multidão, enfim.
Sou-me as multidões
Que preenchem a minha alma.
Sou-me uma multidão de parcas porções
E não me é fácil dosá-las!
Derramo-me em multidões de vento...
Sou-me o convergir e o divergir de vários “mins”.
Enfim sou-me uma multidãos de coisas...
Sou-me uma multidão de abraços.
Sou-me uma multidão de migrações.
Sou-me uma multidão de idiossincrasias...
De risos...
De besteiras.
Sou-me uma multidão de lágrimas.
Sou-me uma multidão de retalhos.
Sou-me uma multidão de tempos.
Sou-me uma multidão de ventos.
Sou-me assim, de coisas,
Uma multidão, enfim.
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