quinta-feira, 22 de julho de 2021

Um céu me contou que...

 


Outro dia ia meio que andando em pensamentos e vi um passarinho cantando saltitante pela grama. Será que cantava para mim? Prepotência! Rsrs...

Foi tão lindo! Nenhuma palavra abarcaria aquela cena! Pensei em filmá-la com a câmera do celular, mas não quis perder aquele momento sublime pegando o celular do bolso. Também tem o fator que a câmera do celular não é o mesmo que o meus olhos. E que, diferente dos fotógrafos, eu não consigo suprir essa diferença a meu favor.

Sou melhor em viver momentos a registrá-los com câmeras! E, como um bom canceriano, sou muito bom em registrá-los em minhas águas.

Tenho bons momentos registrados em boas fotos; porém tenho muito mais momentos registrados em péssimas fotos – ou nenhuma, e em boas águas.

 


Outro dia meio que sentado na grama registrando céus da tarde – mais uma vez pensei em registrá-lo, mas enfim você leu o discurso do porquê acabei por não o fazer! Blá, blá, blá, não sou um bom fotógrafo, mi, mi,mi... Enfim, quando muda-se os olhos, muda-se o olhar e prefiro o meu, ao do celular!

Estava lá olhando céu e de repente eu era o céu. E, como céu, me senti tão grande e infinito. Será que o céu também sentiu a mim e minha infinitude? Mas a infinitude do céu parece mais espalhada que a minha. A minha é contida por pele e corpo; como a casca de um fruto; como a semente antes de explodir em árvore. Quais as minhas explosões? Quais universos crio? Foram alguns pensamentos que me voaram.

E já que eu era céu e era tão grande – sabe, grande mesmo! E como era tão grande e infinito –espalhado e profundo – profundo é uma boa palavra? Não sei, mas me parece válida agora. E azul! Também era azul. E como era tanta coisa e tão onipotente e presente, me senti pai de Deus. Pela primeira vez na vida me senti pai de Deus. Não me senti maior do que Ele, porém pai e da mesma qualidade. Cresci sendo filho, amigo – sabe o Sam da trilogia Senhor dos anéis? Gosto de imaginar Deus como meu Sam às vezes.

Acho que não faltei com respeito a Ele. E acho que Ele não se importaria de brincar de ser meu filho. Afinal pais brincam com seus filhos, certo? Adultos brincam com crianças. E, apesar de infinito, ainda sou uma criança nesta criação. E Deus como pai e adulto, brincou com seu filho e criança naquele céu da tarde profundo e azul.

Então me imaginei ensinando Deus a andar de bicicleta. Já sem as rodinhas laterais. Ele sentadinho na bicicleta ainda inseguro, eu ao seu lado segurando, em um dos guidões, ajudando-O no equilíbrio, correndo e orientando-O. Aí O empurro e solto e continuo correndo, agora um pouco atrás; vendo-O andar sozinho pela primeira vez.

Ele foi se distanciando, fiquei O olhando admirado e orgulhoso; olhando aquela nuquinha suada com cabelos grudados abaixo do capacete, rindo e gritando. Ele acaba percebendo que não estou mais ao seu lado, olha para trás, distrai-se e – PUM, cai!

Corro até Ele, comemorando, pois Ele conseguiu andar sozinho. Ele me olha confuso, aquele olhar: choro muito ou um bocado? Eu falo: — Levantai-Vos, Filho! — Eita... Que bíblico! Voltando ao papel: — Levanta, Filho, Você andou sozinho um pedação! Você é o Cara, véi! — Sento no chão com Ele, O conforto em meus braços, vejo se há algum machucado. Nada grave, ufa!

Brincamos mais. Encorajo-O a montar novamente na bicicleta e continuamos nossas aventuras de pai e filho. Voltamos para casa caminhando juntos. Do lado direito, Ele segurando minha mão e tagarelando horrores, assuntos dos mais diversos. Do outro lado, carrego a bicicleta pavoneando-se, pois não tem mais aquelas rodinhas de criancinhas! Um lanche na padaria pra encerrar nossas aventuras? Parece perfeito...

Um cachorro veio cheirar meus pés e despertar-me da minha imaginação e brincadeira. Imagino que esse cachorro é na verdade um recado de Deus dizendo que adorou brincar de ser meu filho. Um recado amoroso e com focinho gelado. Infelizmente o recado durou pouco, um dono se desculpando veio recuperar seu cachorro.

Ainda fiquei um pouco ali, curtindo tudo. Afinal ó céu era tão profundo que pedia isso. Era tanto azul para absorver. Ficaria ali pra sempre. Saímos dali, agora como Frodo e Sam, e voltamos para casa, mas sem anéis perigosos – só uma volta pelo Condado. Quem sabe um lanche na padaria para encerrar nossas aventuras? Parece perfeito!



Um comentário:

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