sábado, 11 de setembro de 2021

Abre, entra, segue sua jornada e dá o seu melhor passo a cada passo.

 


Trio da Semana: Os Amantes — Rei de Moedas — Rainha de Espadas

VI — Os Amantes

O arcano das escolhas e decisões. O fato é que toda decisão ou escolha traz também uma renúncia. Opta-se por alguma coisa, soltando outra. A renúncia é, portanto, o outro lado dessa moeda. E, muitas vezes, quando uma decisão não traz de imediato algum prazer, então se opta em não se renunciar para viver qualquer outro prazer no agora, enquanto que com o amanhã depois eu lido. E, por exemplo, assim se escolhe o sofá ao exercício; o brigadeiro à dieta; a balada ao estudo.

Na busca por prazeres imediatos, fazem-se bobagens tremendas! Porém, como a dor de cabeça que essas trarão está lá no futuro, então se faz mesmo assim. E, quando as consequências dessas bobagens chegam, culpamo-nos ou culpamos o outro pelos atos tolos cometidos. Queremos o que vem com as escolhas e decisões, porém não as consequências delas. Queremos o corpo atlético, sendo sedentários; passar no concurso, sem estudar; casar e ter filhos, vivendo como solteiro e por aí vai. Queremos os bônus sem os ônus; buscando o prazer pelo prazer.

Esses momentos de prazer até podem trazer picos de felicidade, mas esta é muito mais do que esses. Felicidade é estar feliz, mesmo fora desses picos, em momentos mais neutros; é mais um estado de espírito e de paz interna. Ser feliz está ligado a ter um propósito e ser leal a este; a se envolver em atividades que dão a sensação de doação; em viver com uma sensação de ser útil de alguma forma. Assim uma vida baseada no prazer pelo prazer rouba a felicidade, enganando com essa ilusão de que felicidade é o conjunto de prazeres imediatos vividos.

E aqui falo do prazer vivenciado superficialmente, pois é possível vivê-lo como um caminho para algo maior e mais profundo – tornando assim o prazer como um meio e não como um fim. Hoje o prazer, que poderia ser um remédio; virou uma prisão, um vício, uma fuga com várias versões: consumo em excesso, poder desumano, drogas em excesso, riqueza desonesta, sexo pelo sexo e autogozo. O prazer como um fim em si mesmo, como finalidade de vida torna tudo passível de troca, uma mercadoria: pessoas, coisas, animais, sentimentos e etc. E bem vindo ao mundo líquido e seu hedonismo superficial!

O convite dessa semana é desfazer essa confusão. Prazer não é felicidade em si e não deve ser um fim, entretanto um meio para. Talvez suas decisões e escolhas travem, muitas vezes, porque esta confusão está ativada em você. Se sua vida estiver alinhada ao seu propósito e você estiver consciente dos seus valores e princípios; escolher e decidir por quais caminhos seguir será mais claro; porque tudo em você terá um por que e um para quê fazer. Abrir mão, renunciar fica mais leve – ou, pelo menos, ganha um sentido e, assim, é possível abrir mão de um prazer imediato se ele assim te faz se desviar do seu propósito de vida ou do momento.

Quando eu optei por me tornar vegetariano, foi extremamente difícil. E, se não houvesse um propósito e se eu não reforçasse os princípios desse meu novo hábito sempre, teria desistido desse caminho. E, nem vou entrar no mérito da questão; nem meu intuito é fazer campanha ou convencer alguém; é só mesmo para exemplificar como vivenciei esse arcano em minha vida. Bem, quanto à carne, eu era daquele que gostava da carne sangrando. Eu via um bife cru e minha boca enchia d’água. Eu chamava porquinhos de bacon vivos. Hoje, se estiver num dia mais sensível, vejo um bife e choro, sentindo uma dor profunda certas vezes ao ver um pedaço de carne.

Eu tive de colocar energia para que uma mudança desse nível acontecesse. Decidi parar de comer carne em 2018. Nesses 03 anos, acabei comendo algumas vezes. Via carne, ou sentia o cheiro e comia – prazer imediato. Aí depois tinha de lidar com diversas emoções por não ter tido a firmeza em renunciar àquele prazer. Enfim escolhas, que envolvem mudar um hábito, serão um processo. Às vezes longo, às vezes para o resto da vida – como um vício, por exemplo, e será preciso ter uma causa interna para reforçar essa escolha e sua renúncia.

Algumas escolhas se tornam grandes conquistas, pois envolvem coragem! Coragem? Sim, parafraseando Albert Schweitzer, prêmio Nobel da Paz em 1952: herói não é a pessoa que age, mas a pessoa que renuncia. Assim, renunciar envolve coragem, pois é um ato heroico. A palavra coragem deriva da palavra coração; sendo assim renunciar é um ato de coração. E, não renunciar, pode ser então um desrespeito a si mesmo. Não renunciar seria uma fuga de si, um afastamento, ou não seguir seu coração, agindo fora do seu propósito e dos seus princípios.

Então seja corajoso e renuncie ao que te afasta de si mesmo. Renunciar pode ser um ato de amor-próprio. Renuncie aos pensamentos. Renuncie às mágoas, aos ressentimentos, aos relacionamentos abusivos. Renuncie a ter sempre a razão, às suas certezas, aos exageros do ego. Escolha a felicidade e renuncie a prazeres superficiais. Renuncie às prisões e ilusões. Segundo o Fernando Pessoa: “A renúncia é a libertação. Não querer é poder”, portanto, o que é difícil de renunciar para você? Onde falta renúncia em sua vida? Qual liberdade você evita?

Você é autêntico, ou somente o que os outros esperam que você seja? Você se veste como gosta independente da moda? Você escolhe seus pensamentos, ou segue o do outro cegamente? Como você faz escolhas e toma decisões? Você seguiria seus anseios mesmo que isso signifique renunciar a sua família, cultura, religião e etc.? Para buscar nossa verdade, teremos que renunciar a todas as nossas ilusões. Sem as suas ilusões atuais, como você viveria a sua vida?

Só você caminha o seu caminho. E, para caminhá-lo, você terá que escolher caminhá-lo e renunciar a outros caminhos e possibilidades. Escolha, decida e solte suas renúncias! Não adianta levar o que não foi escolhido. Não adianta levar arrependimentos e dúvidas com você. Dentre todas as possíveis portas, escolheu qual a sua? Então a abra, entre, siga sua jornada e dê o seu melhor passo a cada passo. É o recado desses enamorados para você.

 

♦ Rei de Moedas + ♠ Rainha de Espadas

Estabilidade com falta de visão, ou seja, burro quando empaca; estagnação. Cuidado! Se for ficar onde está, fique por ser a melhor estratégia e não por preguiça, ou medo, ou comodismo, ou teimosia, birra, ou o que for. Fique não porque está apegado demais para sair. Fique porque é bom e pode ficar até melhor se você investir em melhorias e aprimoramento. Se for parar, pare para apreciar a paisagem, ou redefinir a rota, ou para repousar e recuperar o fôlego.

Esse casal real chega para ajudar a agir e renunciar, colocando o que está estagnado pra correr! Ele contribui com a capacidade e autoridade de ação, realização e retirada de obstáculos, com habilidades práticas, autoconfiança e coragem; enquanto ela com a visão, clareza, objetividade, independência, estratégia. Dá pra ficar parado sem decidir e escolher com um casal desses? Parafraseando o Pedro – qual? – o Dom: se for para o bem de minha vida e a felicidade geral de mim mesmo, diga ao povo que renuncio e escolho as minhas escolhas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Precisamos de mais amor próprio

  VI – Os Enamorados Precisamos de mais amor próprio. Abrace-se.  Por quê? Porque sem amor próprio andamos em círculos, já com amor pr...