Trio da Semana: A Lua — Rainha de Taças — Rainha de Moedas
XVIII — A Lua
A resposta pode ser você, ou pode estar em você. Você é um ser profundo e não raso. As superficialidades são fugas para evitar mergulhos mais fundos. O mundo externo parece mais rico e repleto de ofertas, entretanto toda essa multiplicidade aparente dele é distração; é o canto de uma sereia; é a superfície te seduzindo para que você não mergulhe.
Cada ser é um grão de universo, cada ser vivo tem em si um resumo universal. Cada unidade tem em si a totalidade. Você é tão universo quanto o céu! Você tem um universo inteiro resumido e condensado em si mesmo. Aprofunde-se. Mergulhe e nade em seus cardumes de estrelas! Não afundar – olhar sempre para fora – foi a forma convencional de viver que você encontrou para se manter iludido e distraído das galáxias que traz em si.
Ao focar no que há fora de você, você dá atenção ao que não é você e se dissipa, escapa, foge, distrai-se... O essencial já está em você, pois você é o universo resumido. Esse CPF, que você acha que é você, é a parte mais distante do centro do Big Bang que você é. Libere-se das distrações de você e foque no essencial de você. É o convite que essa lua lhe faz. Retorne ao centro de ti!
Tire o foco das distrações. Tire o foco dos medos. Tire o foco das mágoas. Tire o foco das suas oscilações de humor. Tudo isso é desatenção, a qual cria essa névoa, que te faz acreditar que você não faz parte de um Todo e está separado de tudo e todos. Tudo isso cria a teia ilusória da solidão. Como pode ser verdadeiro esse sentimento, diante de que você já é um universo? Como um ser com tantas constelações em si pode sentir-se sozinho? Você é múltiplo em sua aparente unicidade e infinito em sua aparente finitude.
Volte a entrar. Deixe o amor entrar. Dê o primeiro passo em direção a ele que o chão surgirá. Aperte o interruptor e a luz acenderá. Aperte o interruptor e seus medos, mágoas, solidões também sumirão. Quais sombras você fortifica por que está distraído na superfície? Por que olha tanto para os lados e não para dentro? Pare de intencionalmente se perder – é o que te recomenda esse astro.
♥ Rainha de Taças + ♦ Rainha de Moedas
Águas telúricas. Rio submerso. Essas rainhas te convidam a ser rio, contudo, como já há um convite para sair das superfícies, então seja um rio subterrâneo. Vou tomar a liberdade de citar a mim mesmo! É que gosto muito desse simbolismo água/rio e vira e mexe escrevo sobre isso. Aliás, vários textos meus usam a natureza assim, enfim, é um vício simbólico-literário meu. Hahaha... Tenho um texto de 2015 me comparando a um rio e retirei o seguinte parágrafo dele:
“Às vezes meu destino é penetrar o
chão e fluir por baixo dele, irrigando o ventre da Terra. Não se aperreie,
qualquer dia, eu saio de novo! Contudo não espere mais pela mesma água! Terei o
marrom e o fogo do barro enterrado. Serei telúrica! Ferrosa e ígnea! Resfriei
lavas e me aqueci no magma terrestre. Terei carbono; garimpei, nas rochas,
cristais para me enfeitar.”
Portanto, penetre-se. Vá buscar os seus cristais e minerais, o fogo do centro da Terra. Ventre-se! Há muito em você para nascer ainda. Há muito ainda para explorar e desvendar. Há muito ainda a nutrir e hidratar. Há muito ainda a esquentar e evaporar. E como diz a frase inscrita na entrada do santuário de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”. Conhece-te para encontrar o divino em ti, conhece-te para encontrar o universal em ti. Conhece-te para encontrar a tua essência, o que és realmente...
E aqui, mais uma vez, tomo outra liberdade, pois talvez o verbo mais exato seja reconhecer e não conhecer. Você deve se reconhecer; ou seja, conhecer de novo. Então parafraseando a frase que está em Delfos: reconhece-te a ti mesmo e reconhecerás o universo e os deuses!
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